Sublime Ordinário

Sublime Ordinário
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A mostra intitulada “Sublime Ordinário” é uma coletiva proposta por Artur Lescher para o Espaço C.A.M.A., que reúne obras de 10 artistas que buscam o extraordinário em objetos e materiais comuns. Tecidos desfiados se tornam padrões geométricos, rebocos e retalhos de parede são expostos, livros se tornam motivos principais do debate artístico entre outros materiais familiares que são adequados de forma não natural à sua origem.

“Um aspecto importante da seleção dos trabalhos é que os artistas buscam a via de subtração. Eles retiram a matéria ao modo de um escultor, sublimando o que é comum”, menciona Lescher sobre sua curadoria.

A exposição inaugura no sábado, dia 5 de fevereiro e fica até dia 19 de março, ocupando os dois andares da galeria. Os artistas participantes são representados tanto pelas galerias integrantes do Espaço C.A.M.A. assim como artistas convidados pelo curador. São eles, Cao Guimarães, Bernardo Glogowski, Fábia Schnoor, Fernando Laszlo, Ignacio Gatica, Lucas Dupin, Manoela Medeiros, Marina Weffort, Martin Derner e Sofia Caesar.

Sublime Ordinário

Inauguração: 5 de fevereiro, 11-18h Encerramento: 19 de março

Espaço C·A·M·A

Alameda Lorena 1257, casa 4 Jardim Paulista – São Paulo

Terça à Sexta – 12-19h Sábado – 11-17h

Per via di levare

Atuar como curador a partir da perspectiva de artista apresenta uma oportunidade de repensar a prática curatorial e encontrar as afinidades e correspondências entre o meu trabalho com a prática destes artistas.

Talvez esse seja um exercício de sublimação –  onde nos é dado ver no outro nossas próprias projeções.

Sendo assim esse recorte sempre estará de algum modo contaminado por este olhar particular.

Mas tenho a esperança que mesmo lidando com este aspecto inexorável ainda assim a experiência possa servir para muitos.

A operação consiste em observar, resgatar memórias e retirar as distrações e acidentes que nos afastam do contato.

A tarefa é basicamente escutar os  pensamento e as ideias que residem em todas as coisas, ou seja,

Identificar aquilo que esta na origem e na superfície de todos os trabalhos aqui expostos.

Partindo da distinção feita por Leonardo da Vinci entre a operacao da pintura — per via di porre, por meio de depositar— em oposição a da escultura — per via di levare— os trabalhos aqui expostos tem um proximidade estreita com o movimento do escultor (no sentido tradicional da palavra) de extrair do cerne da matéria seus significados constitutivos.

O trabalho é basicamente retirar o excesso e deixar ver aquilo que sempre esteve ali presente, mesmo que em um estado de absência.

Acredito que a tarefa do curador basicamente é nomear – mesmo que por um breve instante. Nomear é o primeiro passo para criação de uma identidade.

Por outro lado uma curadoria é também um modo de produzir um texto, um texto público, construído pelo enunciado e a pela leitura de muitos. Assim como as palavras estes trabalhos expostos estabelecem um campo gravitacional, e tem a capacidade de instaurar novas imagens e projetar realidades.

Nesta mostra reunimos artistas que trabalham com mínimos recursos com materiais ordinários  para nos surpreender com imagens sublimes.

O modo de fazer, comum a todos,  é a subtração, a retirada de matéria.

uma construção negativa, um desfazer até o limite da ruína, e é precisamente neste limite que é possível recomeçar.

 

Artur Lescher

fevereiro 2022