Ulla! Ulla! Ulla! Ulla! Marcianos, Intergalácticos e Humanos / Curadoria: Jane de Almeida

Ulla! Ulla! Ulla! Ulla! Marcianos, Intergalácticos e Humanos / Curadoria: Jane de Almeida
zweiarts

Artistas: David Medalla, Fernando Duval, Henrique Alvim Corrêa, Kiluanji Kia Henda e Olaf Breuning

Curadoria: Jane de Almeida

Abertura: 04 de setembro, das 12:00 as 20:00 hrs

Exposição: Setembro – Novembro 2016

Paralelamente a 32a Bienal de São Paulo  a Casa Nova apresenta a exposição Ulla, Ulla Ulla, Ulla! Marcianos, Intergaláticos e Humanos, com curadoria de Jane de Almeida. Ulla Ulla é o som das naves marcianas de H. G. Wells. Há cem anos, o poeta russo Velimir Khlebnikov em seu manifesto “A trombeta de marcianos” faz uma chamada através de “Ulla Ulla” para refletir sobre a arte e invenção. Anos mais tarde, o intelectual russo Viktor Shklovsky novamente faz uso do Ulla, Ulla chamando alienígenas que literalmente deveriam “alienar” os seres humanos. Esses manifestos fazem parte das propostas futuristas em contextos históricos das utopias socialistas dos soviéticos do início do século XX.

Nesta exposição, Ulla, Ulla é também um chamado para obras e artistas com inspiração “alienígena”. Através do som ensurdecedor das naves, a exposição é construída como um espaço para se pensar as imagens clichês da ciência, novas utopias, estranheza sensorial e mensagens contraditórias que estão sendo transmitidos para o nosso planeta. “Alguns artistas ousam decodificar figurativamente seres espaciais desconhecidos, outros revertem e alteram as imagens científicas ou tentam decifrar mensagens alienígenas enviadas para a Terra. Alguns se apresentam com a forma alienígena e outros elaboram utopias para o século XXI”, diz a curadora.

A exposição apresenta cinco artistas com contatos especiais com o cosmos: David Medalla, Fernando Duval, Henrique Alvim Corrêa, Kiluanji Kia Henda, e Olaf Breuning.

O convidado especial da exposição é o artista brasileiro Henrique Alvim Corrêa (1876-1910), criador dos marcianos que povoaram o século XX. Alvim Correa ilustrou uma edição especial da Guerra dos Mundos, o livro de H. G. Wells em 1906, produzindo seres e máquinas que impressionaram o próprio Wells e influenciaram o filme de Steven Spielberg de 2006. As naves prateadas e os “tripods” foram desenhadas com lápis e tinta em papel cartão, com marcianos projetados em contra-plongée, a fim de expandir suas escalas de grandeza e terror. Correa realizou uma série de 132 notáveis ilustrações, incluindo 32 ilustrações hors-texte para o livro publicado por L. Vandamme, em formato luxuoso com 500 exemplares numerados e assinados pelo artista. A maioria dos desenhos originais da edição de 1906 estão em coleções particulares e cinco deles serão mostradas na exposição, além das 32 ilustrações e uma pintura a óleo inédita.

David Medalla, artista filipino reconhecido mundialmente, apresenta as obras A Stitch in Time around Mars (Uma Costura no tempo em torno de Marte), uma versão especial do seu famoso A Stitch in Time (Uma costura no tempo – 1968) e a inédita Cosmic Pandora Micro-Box (Micro caixa de Pandora cósmica – 2010). A Stitch in Time foi uma das primeiras obras participativas de Medalla. Sobre a obra, o artista frequentemente afirma que seu objetivo é o posicionamento do participante: “a pessoa envolvida na costura está em sua/seu próprio espaço privado, e, ao mesmo tempo, em um lugar público”. No caso de “Uma Costura no tempo em torno de Marte” os espaços ficam conectados com o tempo e são conduzidos por “propulsões cósmicas”, uma das importantes fases do artista através da qual propõe impulsionar para futuro a liberdade da atualidade ou do “now-ness”. O segundo trabalho, Micro caixa de Pandora cósmica, desenvolvido durante a sua estadia em São Paulo em 2010, é composto por resíduos e objetos coletados pelo artista, criando uma caixa de pandora contemporânea. São Paulo torna-se assim o “cosmos” de Medalla.

O artista angolano Kiluanji Kia Henda, destaque da 29ª Bienal de São Paulo, apresenta o trabalho Os caras bons e os cara maus (Good guys and bad guys, da série da Restless – 2016), consistindo de dez serigrafias que constroem uma narrativa sobre a influência da guerra fria na África. O título e as legendas foram apropriados do episódio “Bad Guys, Good Guys” do documentário Guerra Fria (CNN, 1999), produzido por Ted Turner com discursos de Fidel Castro, Henry Kinssinger, o embaixador sul-Africano Pik Botah, o Sul Africano geral Cosntand Viljoen, o secretário de Estado americano Nathaniel Davis e da Força Tarefa CIA Angola John Stockwell. Os personagens alienígenas, configurados a partir do contraste do negativo fotográfico, ressignificam as lendas de guerra, fortalecendo uma das mais importantes ideias do Ulla Ulla: como as práticas políticas estão dissociadas da realidade do cidadão comum, tornando-se estranhas e alienadoras.

Fernando Duval, artista brasileiro, participante da 9ª Bienal do Mercosul, traz o trabalho Instrumentos Musicais de Wasthavastahunn, uma série de desenhos de instrumentos musicais de 2010 provenientes do planeta Fahadoika, um universo artístico da galáxia  Washemin. Estes instrumentos pertencem a uma das instituições mais importantes do Wasthiana, o Instituto do Silêncio. O universo artístico de Duval produz um universo paralelo ao nosso universo científico e a nossas instituições reais.

Outro convidado é o artista suíço Olaf Breuning que apresenta os filmes Home 1 e Home 2 (Casa 1 e Casa 2  – 2004, 2007) e a instalação  Can someone tell us why we are here (Alguém pode nos dizer por que estamos aqui – 2010). As obras de Breuning pertencem a galerias de arte de alto calibre e seus trabalhos têm sido apresentados em importantes espaços de arte, como Whitechapel, o Centro Georges Pompidou ou a Bienal de Whitney. O artista, no entanto, muitas vezes é considerado freak, bizarro ou como ele gosta de ser considerado, “naif”. Breinung é ele próprio um alien de arte contemporânea e seus filmes Casa 1 e Casa 2 desafiam não apenas a narrativa realista e ficcional, mas também conceitos estabelecidos do mundo da arte. Nos filmes, o anúncio promissor de “encontrar os nativos” é sempre frustrado com o desconforto do estrangeiridade e estranhamento. A instalação Alguém pode nos dizer por que estamos aqui que é composta por manequins e caixas de robôs remete-nos à nostalgia de uma nostalgia do infinito derivada da internet e Google.

Inspirada por Khlebnikov , Ulla, Ulla Ulla, Ulla Marcianos, Intergaláticos e Humanos“ convida todos para o parlamento intergaláctico, o voto é consultivo. Tema da agenda: Ulla Ulla, marcianos!”

Encontros:

“Utopias e escapismos do século XXI Ou como decodificar o que a classe política quer nos dizer.”

* Datas a serem divulgadas.

Agradecimentos: Ana Maria B. M. Jordão, Filomena Soares Gallery, Stefan Gefter, Brett Stalbaum e Cicero Inacio da Silva.